NR-12: O que todo engenheiro precisa saber para atuar com segurança e conformidade #3195

A NR-12 é uma grande oportunidade para todos os engenheiros. Como uma norma multidisciplinar, ela permite a atuação conjunta de profissionais de diferentes segmentos, como engenheiros mecânicos, eletricistas, de controle e automação, entre outros. Essa característica amplia as possibilidades de mercado para aqueles que desejam atuar na área.

Com o crescimento do mercado no Brasil, a demanda por profissionais capacitados e preparados para atender às necessidades de adequação às normas tem aumentado significativamente. Este artigo vai abordar as etapas da NR-12 e como os engenheiros podem trabalhar em cada uma delas.

A apreciação de risco é a etapa inicial do processo de adequação à NR-12 e segue tanto os conceitos desta norma quanto a NBR 12100. O principal objetivo é identificar, qualificar e quantificar os riscos associados a uma máquina ou equipamento, permitindo que sejam tomadas medidas para mitigá-los.

Objetivo da Apreciação de Riscos

  • Identificar os perigos associados às máquinas e equipamentos.
  • Estimar e avaliar os riscos com base em sua gravidade e probabilidade.
  • Propor ações preventivas ou corretivas para eliminar ou reduzir os riscos identificados.

Essa análise é essencial para garantir a segurança dos operadores e prevenir acidentes. Além disso, ela fornece informações críticas para as etapas subsequentes de adequação e projetos.

Método de Análise

Para realizar a apreciação de risco, é fundamental seguir as etapas previstas na norma técnica ABNT NBR ISO 12100. O processo inclui:

  1. Determinar os limites da máquina: Identificar o uso pretendido, as restrições de operação e qualquer mau uso previsível.
  2. Identificar os perigos: Associar cada perigo a situações específicas, como superfícies aquecidas, partes móveis expostas ou riscos elétricos.
  3. Estimar os riscos: Avaliar a severidade da possível lesão ou dano à saúde e a probabilidade de ocorrência.
  4. Avaliar os riscos: Decidir se os riscos estimados são aceitáveis ou se exigem medidas de mitigação adicionais.
  5. Reduzir os riscos: Eliminar os perigos ou reduzir os riscos através da implementação de medidas de proteção.

Técnicas Utilizadas

Uma metodologia comum para a quantificação de riscos é o HRN (Hazard Rating Number). Essa técnica avalia os seguintes fatores:

  • Probabilidade de Ocorrência (LO): A chance de um evento perigoso ocorrer.
  • Frequência de Exposição (FE): O número de vezes que os operadores são expostos ao perigo.
  • Grau de Possível Lesão (DPH): A gravidade da lesão potencial.
  • Número de Pessoas Expostas (NP): A quantidade de pessoas em risco.

A fórmula é dada por: HRN = LO x FE x DPH x NP

O valor obtido classifica o risco em categorias que vão de “desprezível” a “inaceitável”. Isso guia as decisões sobre a implementação de medidas de proteção.

Exemplo de Aplicação

Imagine uma máquina com partes móveis expostas que podem causar amputação. Após a aplicação do HRN, verifica-se que o risco é classificado como “alto”. Nesse caso, seriam recomendadas medidas como:

  • Instalação de proteções físicas.
  • Implementação de sistemas de parada de emergência.
  • Treinamento dos operadores sobre o uso seguro da máquina.

Ferramentas e Abordagem Prática

A análise deve ser baseada em dados coletados in loco, como:

  • Observação visual das operações.
  • Entrevistas com operadores e técnicos.
  • Uso de checklists padronizados para identificar perigos.
  • Simulações de situações de emergência.

Essas informações são essenciais para construir um relatório completo, que será a base para as próximas etapas do processo de adequação.

Com a apreciação de risco concluída e validada, é hora de desenvolver os projetos. Essa etapa envolve:

  • Engenharia mecânica: Avaliação de medidas de segurança, levantamento técnico e elaboração de projetos utilizando softwares de engenharia.
  • Engenharia elétrica: Determinação de dados como tensão, potência dos motores, corrente nominal e análise do quadro de comando.

Passos para esta etapa

  1. Realizar levantamento técnico in loco.
  2. Desenvolver o projeto conceito (croqui).
  3. Elaborar os projetos detalhados em softwares especializados.
  4. Apresentar e explicar os projetos ao cliente.

A execução ocorre após a aprovação dos projetos e envolve:

  • Levantamento de materiais e mão de obra.
  • Realização das adequações mecânicas e elétricas.

Dica:

Procure parceiros estratégicos com mão de obra qualificada para garantir excelência na execução.

O treinamento é essencial para capacitar os operadores sobre as mudanças realizadas e os novos sistemas de segurança instalados. Deve seguir o escopo da NR-12, conforme o item 12.16 Capacitação, abordando:

  • Funcionamento das máquinas.
  • Principais riscos e áreas de perigo.
  • Medidas de segurança implementadas.
  • Demonstrações práticas para garantir a aplicação correta das novas medidas.

Estrutura do Treinamento

  1. Parte Teórica: Explicação sobre os riscos, funcionamento dos dispositivos de segurança e normas aplicáveis.
  2. Parte Prática: Demonstração do uso seguro das máquinas com os dispositivos instalados.
  3. Avaliação: Testes teóricos e práticos para validar a compreensão dos participantes.

O treinamento deve ser documentado, e todos os participantes devem receber certificados para comprovar a capacitação.

Se a máquina possuir manuais, devem ser anexadas informações sobre os novos sistemas de segurança. Caso contrário, será necessário elaborar um manual do zero, seguindo os conceitos gerais da máquina e da norma.

Conteúdo do Manual

  1. Descrição detalhada do equipamento.
  2. Instruções de uso e operação segura.
  3. Medidas de segurança implementadas.
  4. Procedimentos de manutenção preventiva e corretiva.
  5. Recomendações para inspeções periódicas.

Manuais atualizados são fundamentais para garantir que todos os operadores tenham acesso às informações necessárias para operar os equipamentos com segurança.

Após a adequação, a apreciação de risco deve ser atualizada para comprovar que as soluções implementadas reduziram os riscos. É importante não confundir a atualização da apreciação de risco com o laudo de conformidade, que verifica se a máquina está adequada à NR-12.

A atualização deve incluir:

  • Revisão das medidas implementadas.
  • Validação da eficácia das proteções instaladas.
  • Documentação de eventuais ajustes adicionais.

As etapas da NR-12 oferecem uma visão clara e estruturada de como os engenheiros podem atuar na adequação de máquinas e equipamentos. Cada etapa pode ser realizada de forma independente, exigindo a emissão de ARTs específicas para garantir a responsabilidade técnica sobre cada atividade.

Para os engenheiros, essa é uma área de grande oportunidade, pois toda empresa que possui máquinas e equipamentos precisa garantir a conformidade com a NR-12. Investir em capacitação, parcerias estratégicas e uma abordagem profissional pode colocar você à frente no mercado.

Seja para atuar em uma etapa específica ou para gerenciar todo o processo, as possibilidades são vastas. Aproveite essa oportunidade para consolidar sua carreira e contribuir para um ambiente de trabalho mais seguro e eficiente.

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Allan Assad

Idealizador do Movimento Engenheiro Anticrise, criado para valorizar a profissão e garantir que engenheiros não aceitem ser subvalorizados no mercado, nem vejam seus anos de estudo serem desperdiçados em atividades fora de sua área. Com mais de 3.000 alunos impactados por sua metodologia prática e direta, Allan ensina engenheiros a se posicionarem como autônomos de sucesso, alcançando a valorização profissional. Em suas redes sociais, ele reúne uma comunidade engajada de mais de 60 mil seguidores, que acompanham seu conteúdo transformador. Fundador do Instituto de Formação para Engenheiros Mecânicos Autônomos do Brasil (IFEMAB) e da Anticrise Academy Cursos, um ecossistema de ensino que capacita engenheiros para o mercado em diversas áreas, Allan também é pioneiro na criação da única Pós-Graduação focada na atuação autônoma em Engenharia Mecânica. Seu propósito é revolucionar o mercado, capacitando profissionais qualificados que se destacam e são reconhecidos por sua excelência. Além disso, Allan é proprietário da FSW Soluções Engenharia, empresa que fundou e que hoje tem presença no mercado nacional, atendendo grandes empresas e indústrias. Por meio da FSW, ele lidera projetos inovadores e de alto impacto, consolidando sua experiência prática e sua contribuição para o mercado de engenharia no Brasil.

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